Eu fiquei sem saber o que dizer, inicialmente – intermediariamente também! Eu li o conto direto, sem pausas, sem café, sem ovos cozidos, sem cheiro de couve-flor fervida. Li em português e em espanhol.
Ainda não sei descrever as suburbanas imagens a que este conto me remete. Não há luz natural nas imagens que me veêm. Pouca luz. Mas gosto disso, porque me sinto melhor do que numa localidade bem iluminada, “cosmopolita”. Não vejo Paris nas descrições. E isso veio à tona na conversa de ontem numa fala da Denise e do ZP. Eu nunca saí do meu país, mas minhas imagens são descrições de turista...
Simpatizei com Billy, acho-o tão “inocente” com seus desejos, que o rastro de sangue sobre a neve seja a revelação de uma cegueira emocional. Ele sabe, em alguma instância, que é escolhido. E age como tal (aliás, adorei a teoria do ZP!!!).
Nena Daconte tem sobrenome de loja de luxo do Shopping Morumbi (porque no Iguatemangue eu duvido que fique bem uma DASLU, DIOR, DACONTE...). Mas, tirando toda associação de mocinha babaca que entra nessas lojas e acha que arrasa, ela é fantástica. Quem começa um conto sangrando e termina morta com tanta graça? Somente Daconte.
Não sei mais...
A tradução podia ser pior, tendo em vista que o feitor manteve limpo e fluido em nosso complicadíssimo idioma o andamento nebuloso do conto.
É belo e conquistador esse conto.
E confesso que ler foi uma sensação tão prazerosa quanto ouvir a leitura do ZP e os comentários sobre ele.
[Escrito por Fabiano depois do encontro com Garcia-Marquez]
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