sábado, 28 de março de 2009

Resíduos IX

A última vez que recebi notícias suas meu caro amigo, foi num passar de noite para madrugada, reunidos estavamos eu e mais uns...  seu postal chegou a mim como um abraço daqueles longos e gentis de outrora.
de pronto lembrei-me da noite em que nos conhecemos, eu perdido num meio fio qualquer de Havana, frente a um qualquer prédio desbotado, eu ainda soluçava...
Seus passos firmes fizeram com que eu erguesse os olhos.  Você parou e ficou a observar, lembro bem, eram 06:51...  Não chores menino pois, "não dorme ninguém" pelo mundo. suspirei com a afirmação e ergui a cabeça, surpreso contemplei seu breve sorriso. Mal sabia o significado...
Nas noites sufocantes do calor cubano, aprendi com a fumaça das nossas 'tavernas'. Mesclando suas risadas ao tilintar do piano. E meus olhos tão juvenis jamais desgrudaram dos seus doces ensinamentos.  
E sua letra de emboscada, manchava o papel com a seguinte sentença, lembre-se dos cães, apenas eles cessarão as suas lágrimas. 
Saudades niño...
Saudades rubro García...


[Elaine ao amigo Lorca, após desaguar com o poema Cidade sem sonho ]

Um comentário:

  1. querida, você é a minha esperança de que os jovens infelizes (como acreditava pasolini) decidam, sem medo nem estilismos pós-modernos, criar uma câmara da memória consistente e verdadeira.

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